Quando pensamos na geração que somos e na que hoje educamos, não existe a mínima possibilidade de não confrontarmos a geração digital, tecnologicamente plugada do mundo, com a analógica, mais lenta, complexa. Como prover conhecimento numa geração que está tão informada e se diz tão completa?
Como sensibilizar essa geração aos problemas do mundo e em torno deles, sendo que são, muitas vezes, egoístas e individualistas? O que sobrou para nós, educadores, quando nos deparamos com a realidade complexa de tentar ensinar pequenos seres humanos tão diferentes do que nos ensinaram sobre eles?
Somos, mesmo, a geração que estudou muito, almejando um dia estar no topo, comendo a coxa do frango, e hoje, literalmente, nossos alunos é que saboreiam a coxa, deixando-nos com um sentimento de desconhecimento, descrença, inabilidade e, quem sabe, sentimento de incompetência ou até de questionamento sobre nosso real papel, numa atualidade gerida e gerada com outros tipos de condutas e valores.
Como resolver questões de estudantes que, em muitos casos, dominam equipamentos com mãos muito mais hábeis que os seus próprios professores? Como um profissional, diante de uma situação como essa, enfrenta uma sala repleta de serezinhos com olhos ávidos, que torcem por um ‘escorregão tecnológico’ de quem ensina, para que possam se divertir em gargalhadas da inabilidade e trapalhadas relativas ao manuseio de um simples PowerPoint?
De que forma podemos passar valores, atitudes, comportamentos socialmente corretos para quem está a anos-luz à nossa frente, tecnologicamente falando, mas perdido nas trevas da ignorância sobre os problemas da vida? Como agir, o que fazer para, pelo menos, conseguirmos, na escola, nos aproximarmos mais do nosso aluno, sem sermos considerados retrógrados, perdidos no tempo e no espaço?
Como conquistar a dignidade diante de turmas rebeldes, originadas de famílias desestruturadas e, tanto quanto, perdidas no invólucro da vida? Que não indicam o caminho, que por omissão e ausência nos momentos mais cruciais da criança dizem sim a todos os pedidos, que deseducam, e que com essas atitudes os deixam mais desorientados ainda.
Vale a reflexão do nosso papel de educador, numa sociedade conflitante e atordoada, conectada em condutas e atitudes que às vezes desconhecemos o sentido de existirem.
Esther Cristina Pereira é diretora de Ensino Fundamental do Sinepe/PR