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Guerra na Terra do Açúcar: O Domínio Holandês, A

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Portugal apesar de ter sido pioneiro nas navegações marítimas, nos descobrimentos e ter tomando posso de Brasil, não teve capital suficiente para realizar nossa colonização. Foi obrigado a estabelecer uma aliança com os holandeses, conhecidos como "carreteiros do mar", legítimos mercantilistas que possuíam dinheiro para emprestar aos lusos para a difícil tarefa que era a colonização nos trópicos.

Como colonizar não era levantar feitorias, era necessário muito cabedal para montar um engenho, comprar máquinas na Inglaterra, adquirir escravos, barcos para o transporte e outros apetrechos úteis à empresa açucareira, cujo produto, o açúcar, tinha sido escolhido para auferir altos lucros aos responsáveis pela aliança estabelecida.

Assim, confirmou-se o acordo entre o Portugal e Holanda. Caberia aos portugueses, defender a terra, plantar, colher, moer e ensacar o açúcar. Os holandeses, transportariam, refinariam e comercializariam pela Europa, nosso produto, especiaria caríssima e bastante procurada no além-mar. A empresa açucareira foi se tornando um negócio lucrativos, acumulador de capital, favorecendo principalmente a Holanda.

Aconce que por volta de 1580, Portugal caiu no domínio da Espanha, levando consigo todas as suas colônias da Ásia, África e América. A união-ibérica prejudicou a Holanda que foi perdendo mercados devido ao bloqueio econômico baixado pela Espanha nos portos portugueses.

Este bloqueio foi adotado por Felipe II, neto de D. Manuel, que tirou o trono português do Cardeal D. Henrique e se auto proclamou Rei das duas Coroas: a espanhola e a portuguesa. O rei Felipe II tomou esta medida de bloqueio, porque nunca perdoou a Holanda ter se libertado do seu domínio. Os flamengos, prejudicados em seus interesses, resolveram sacar o bacamarte para recuperar sua maior fonte de renda, que era o açúcar brasileiro.

Em 1621, a Holanda fundou a famosa W.I.C, ou seja, a Companhia das Índias Ocidentais administrada por um conselho de 19 batavos que seriam responsáveis diretos pelas ações mercantis e bélicas dirigidas ao litoral nordestino. O objeto maior desta Companhia era transferir, urgentemente, a renda dos impostos adquiridos com a exportação açucareira que estavam ficando para a união ibérica e para a Igreja.

A Holanda tentou negociar, como não conseguiu, resolveu invadir o centro administrativo da Colônia, a cidade de Salvador, alvo principal da política agressiva da W.I.C, que com 26 navios, 500 canhões, mais de 3.000 homens, aportou no litoral baiano, causando um Deus nos acuda...

O governador Diogo de Mendonça Furtado nada fez na ocasião, mas o Bispo D. Marcos Teixeira, deixou de lado "as almas católicas", preparou a resistência no interior para tentar expulsar o "inimigo infiel", protestante convicto, que era o holandês. A defesa do bispo devolveu os "infiéis" ao mar, que só se renderam totalmente, com a chegada da esquadra luso/espanhola, comanda por D. Fradique de Toledo Osório.

Contudo, os holandeses não desistiram - desistir seria perder o açúcar. Por isso, prepararam uma nova investida à Colônia. Escolheram desta vez, a capitania de Pernambuco, maior centro produtor de cana do Nordeste. Em 1630, Olinda e Recife foram tomadas; o governador Matias de Albuquerque preparou a resistência no Arraial de Bom Jesus, utilizando a tática de guerrilha.

Mas os holandeses não se deixaram abater e conseguiram entre os habitantes do local, alguns aliados que os ajudaram na difícil conquista.

Um dos aliados mais destacados pela história, foi o mulato Domingos Fernandes Calabar que levou os invasores a alguns pontos estratégicos de Pernambuco para efetuar a conquista. Durante muito tempo, Calabar foi considera um Judas mas, hoje, ele pode descansar em paz, porque naquela época o Brasil não era Nação e estava, inclusive, sob o domínio luso-espanhol, não havia, pois, Estado Nacional que só foi organizado com a independência em 1822.

Ao guiar os "invasores-infiéis", Calabar penetrou em áreas camufladas, facilitando paulatinamente o domínio das capitanias vizinhas, como Paraíba, Rio Grande do Norte, Itamaraça, Ceará, Sergipe, etc.

Nesta guerra de conquista pelo açúcar, os escravos africanos viram a oportunidade para a fuga contínua e atenderam ao grito de Palmares, indo em massa para o mais famoso quilombo daquela época.

A "Guerra do Açúcar" queimava canaviais, destruía engenhos, invadia fazendas, arruinava proprietários. A rendição foi inevitável e o invasor foi virando amigo de negócios da classe dominante colonial, propondo aos grandes senhores e comerciantes duas coisas fundamentais: paz e dinheiro.

Os holandeses sabiam da importância de se conquistar, também , a Paraíba. Um batavo de nome Adriaen Verdock escreveu aos seus dirigentes um documento descritivo sobre a situação dos Fortes aqui existentes, dos núcleos povoados em Filipéia, das condições indígenas, número de defensores e, ainda, indica cifras relativas à produção açucareira, dizendo que a capitania contava entre 18 e 19 engenhos, com produção anual de 150.000 arrobas de açúcar muito bom. O mesmo informante, fala do Forte em Cabedelo, que estaria em mau estado, com 11 ou 12 peças de ferro, que se arrumando, seria cômodo para muitos navios, como era sabido dos holandeses.

A proposta de paz e dinheiro veio trazer uma acomodação ao Nordeste Holandês. A Companhia da Índias Ocidentais trouxe para Pernambuco, o Conde João Maurício de Nassau, hábil administrador que conseguiu criar um "clima saudável" entre conquistados e conquistador...

Com Nassau chegaram dezenas de artistas, médicos, astrônomos, matemáticos, naturalistas para juntos estudarem o Nordeste. O Conde logo estabeleceu a tolerância religiosa e política. Os empréstimos concedidos trazem euforia à Colônia. Surge Mauricéia, a cidade de Maurício. O Recife se moderniza e se embeleza; pontes são erguidas; obras sanitárias se espalham. Publica-se um edital, obrigando donos de terras a cultivarem mandioca, base da alimentação escrava. Selada a paz, o Nordeste é holandês...

Tomada a capitania da Paraíba, os holandeses estabelecem suas defesas militares na Fortaleza de Santa Catarina que seria a praça forte, com múltiplas funções: posto de vigilância, ponto de apoio para defesa, arsenal de guerra, pressão militar, palco de torturas, execuções dos traidores, caixa forte batava, refúgio flamengo e sede de governo durante a ocupação. Depois da posse, Maurício de Nassau mandou restaurar o Forte, guarnecê-los com um fosso mais fundo e largo e, por cima, uma couraça, dando-lhe um outro nome, o de Margarida, em 1937 quando esteve pessoalmente na Paraíba.

A capitania da Paraíba, até então Filipéia, passou a denominar-se Frederica. A administração holandesa foi implantada nesta cidade, de forma a garantir a dominação e o controle sobre a produção açucareira local.