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Trovadorismo

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Introdução

Trovadorismo, também conhecido como Primeira Época Medieval, é o primeiro movimento literário da língua portuguesa. Iniciou-se em 1189 (ou 1198) em plena Idade Média no mesmo período em que Portugal começou a despontar como nação independente, no século XII; porém, as suas origens deram-se na Occitânia, de onde se espalhou por praticamente toda a Europa. Apesar disso, a lírica medieval galaico-português possuiu características próprias, uma grande produtividade e um número considerável de autores conservados.

As Origens do Trovadorismo Galego-Português

A mais antiga manifestação literária galego-portuguesa que se tem notícia é a "Cantiga da Ribeirinha", também chamada de "Cantiga da Garvaia", composta por Paio Soares de Taveirós provavelmente no ano de 1189 (ou 1198, há rasuras na datação).

Por essa cantiga ser a mais antiga registrada, convem-se datar daí o início do Lírica medieval galego-portuguesa. Ela se estende até o ano de 1418, quando se inicia o Quinhentismo em Portugal e na Galiza se inicam os chamados Séculos Escuros.

Trovadores eram aqueles que compunham as poesias e as melodias que as acompanhavam, e cantigas são as poesias cantadas. Quem tocava e cantava as poesias recebia o nome de Jogral (normalmente o Jogral era o próprio trovador).

As cantigas eram manuscritas e colecionadas nos chamados Cancioneiros (eram livros antigos, que reuniam grande número de trovas). São conhecidos três Cancioneiros: o "Cancioneiro da Ajuda", o "Cancioneiro da Biblioteca Nacional de Lisboa" e o "Cancioneiro da Vaticana".

Trovadores e Jograis

Os trovadores geralmente pertenciam à pequena nobreza, embora alguns reis tivessem sido poetas. A literatura oral foi divulgada por jograis – recitadores, cantores e músicos que perambulavam por feiras, aldeias e castelos. A poesia, ligada à música, era composta pelos trovadores e cantada pelos jograis e menestréis.

Alaúde

O alaúde foi introduzido na Península Ibérica pela conquista árabe. O instrumento dedilhado ganhou destaque desde o século X. Acompanhava as cantigas trovadorescas.

Principais manifestações literárias

Symphonia da Cantiga 160, Cantigas de Santa Maria de Afonso X, o Sábio - Códice do Escorial. (1221-1284).A principal manifestação literária do Trovadorismo foi a poesia, representada pelas cantigas, que eram composições feitas para serem cantadas ou acompanhadas por instrumento musical.

As cantigas medievais portuguesas eram expressas na chamada “medida velha”, as redondilhas, versos de cinco ou sete sílabas, de tradição medieval. O idioma empregado era o galaico-português, comum à Galícia e a Portugal. O poeta chamava-se trovador e as cantigas podiam ser líricas ou satíricas. Elas encontram-se reunidas em volumes denominados cancioneiros, dos quais se destacam o Cancioneiro da Ajuda, o Cancioneiro da Vaticana e o Cancioneiro da Biblioteca Nacional de Lisboa.

A prosa medieval apresentou caráter predominantemente documental, o que diminuiu seu valor literário. Apenas um gênero se destacou: as Novelas de Cavalaria, que eram narrativas de feitos heroicos e guerreiros, originadas nas antigas canções de gesta. Em Portugal, apenas as novelas do Ciclo Bretão ou Arturiano, sobre o rei Artur e os cavaleiros da Távola Redonda, deixaram marcas.

Os Tipos de Cantigas

Dentro do Trovadorismo galego-português, as cantigas costumam ser divididas em:

a) Líricas: Cantigas de Amor e Cantigas de Amigo 
b) Satíricas: Cantigas de Escárnio e Cantigas de Maldizer A cantiga mais antiga é a da Ribeirinha,

A Cantiga de Amor

Neste tipo de cantiga, o eu-lírico é masculino, e ele sempre canta as qualidades de seu amor, à quem ele trata como superior, para ele:

ela é a suserana 
ele é o vassalo

reproduzindo, portanto, o sistema hierárquico feudal.

Ele canta a dor de amar e não ser correspondido (chamada de coita), e é a sua amada a quem ele se submete, e "presta serviço", e, por isso, espera benefício (escrito ben nas trovas).

Exemplo de lírica galego-portuguesa (de Bernal de Bonaval):

"A dona que eu am'e tenho por Senhor
amostrade-me-a Deus, se vos en prazer for,
se non dade-me-a morte.

A que tenh'eu por lume d'estes olhos meus
e porque choran sempr(e) amostrade-me-a Deus,
se non dade-me-a morte.

Essa que Vós fezestes melhor parecer
de quantas sei, a Deus, fazede-me-a veer,
se non dade-me-a morte.

A Deus, que me-a fizestes mais amar,
mostrade-me-a algo possa con ela falar,
se non dade-me-a morte."

A Cantiga de Amigo

Este tipo de cantiga não surgiu em Provença como as outras, teve suas origens na Península Ibérica. Nela, o eu-lírico é uma mulher (isso não quer dizer que quem a compunha era mulher), que canta seu amor pelo amigo (amigo = namorado) e se encontra acompanhada de sua mãe e amigas.

Normalmente, ela lamenta nas cantigas a ausência do amado. Outra diferença da cantiga de amor, é que nela não há a relação Suserano x Vassalo, ela é uma mulher do povo.

Exemplo (de D. Dinis)

"Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo!
ai Deus, e u é?

Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado!
ai Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pôs comigo!
ai Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi há jurado!
ai Deus, e u é?"

A Cantiga de Escárnio

Na cantiga de escárnio, o eu-lírico faz uma sátira:

1º a alguma pessoa;
2º de forma indireta;
3º cheia de duplos sentidos;
4º o nome da pessoa satirizada não é revelado.

Exemplo de cantiga de escárnio.

Ai, dona fea, foste-vos queixar
que vos nunca louv[o] em meu cantar;
mais ora quero fazer um cantar
em que vos loarei toda via;
e vedes como vos quero loar:
dona fea, velha e sandia!
(...)

A Cantiga de Maldizer

Ao contrário da cantiga de escárnio, a cantiga de maldizer traz:

1º uma sátira direta e sem duplos sentidos;
2º é comum a agressão verbal à pessoa satirizada;
3º e muitas vezes são utilizados palavrões;
4º o nome da pessoa satirizada pode ou não ser revelado.

Exemplo de cantiga Joan Garcia de Guilhade

"Ai dona fea! Foste-vos queixar
Que vos nunca louv'en meu trobar
Mais ora quero fazer un cantar
En que vos loarei toda via;
E vedes como vos quero loar:
Dona fea, velha e sandia!

Ai dona fea! Se Deus mi pardon!
E pois havedes tan gran coraçon
Que vos eu loe en esta razon,
Vos quero já loar toda via;
E vedes qual será a loaçon:
Dona fea, velha e sandia!

Dona fea, nunca vos eu loei
En meu trobar, pero muito trobei;
Mais ora já en bom cantar farei
En que vos loarei toda via;
E direi-vos como vos loarei:
Dona fea, velha e sandia!"

Trovadores

- Afonso Sanches
- Aires Corpancho
- Aires Nunes
- Bernardo Bonaval
- Dom Dinis I de Portugal
- D. Pedro, Conde de Barcelos
- João Garcia de Guilhade
- João Soares de Paiva ou João Soares de Pávia
- João Zorro
- Paio Gomes Charinho
- Paio Soares de Taveirós (Cantiga da Garvaia)
- Meendinho
- Martim Codax
- Nuno Fernandes Torneol
- Guilherme IX, Duque da Aquitânia
- Pedro III de Aragão

Referências

VIEIRA, Yara. Vozes do Trovadorismo Galego-Português. Editora: Ibis
MEDEIROS, Lênia Marcia de. A Literatura Portuguesa em Perspectiva Trovadorismo Humanismo. Editora: Atlas
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Souza, Jesus Barbosa. Literatura Produção de Textos & Gramática. Editora: Saraiva
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