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Recursos Evolutivos

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A Natureza exibe formas excepcionais que servem para demonstrar a engenhosidade do Criador ao formulá-la, instigando pesquisadores e cientistas com inúmeros exemplos de formas, cores e armadilhas naturais visando, primordialmente, a busca pela sobrevivência e a necessidade premente de permitir o avanço reprodutivo das espécies, consequência e obrigação natural de todos os organismos vivos: a perpetuação de sua espécie.

Richard Dawkins em seu livro “O rio que saía do Éden – uma visão darwiniana da vida” (Editora Rocco, 1996) conta a história de um pastor evangélico que era ateu e mudou de rumo quando leu um artigo da National Geographics sobre uma determinada espécie de orquídea que apresentava uma modificação de forma que sua flor parecia-se com a fêmea de uma vespa.  O macho de tal espécie de vespa, sentindo-se atraído pela forma da flor atracava-a na intenção de procriar.  Ao fazer isto, “sujava-se” com o pólen da orquídea, levando-o para outra flor e assim a polinizava.  A sutileza deste ato colocou em xeque a crença daquele homem que, a partir de então, passou a crer na fantástica e efervescente maneira de Deus expressar-se.

Muitas são as manifestações divinas que evidenciam a evolução dos seres vivos, embora segmentos da Igreja Católica e de muitas outras correntes religiosas, com atenção especial para os evangélicos, sejam ardorosos defensores do Criacionismo, uma pseudo - ciência que insiste em reafirmar a imutabilidade dos seres vivos, mesmo contestada por inúmeros testemunhos, que confirmam a visão de Darwin sobre as mudanças empreendidas pelos seres vivos pela necessidade de se adaptarem ao meio ambiente.

Recentemente tive a oportunidade de estar coletando material botânico para minha dissertação de Mestrado no Parque Zoobotânico de Teresina e me deparei com algo inusitado ou, no mínimo, diferente: durante minha caminhada pela mata encontrei uma “flor” bastante esquisita.  Ela estava jogada no chão, como se tivesse caído de alguma árvore em floração.  Dei uma olhada para cima e não vi nenhuma árvore com flores.  Peguei a “flor” verifiquei que esta apresentava pétalas carnosas e uma estrutura discóide no centro, como se fossem verticilos reprodutivos bastante diferenciados.  Mostrei-a para os companheiros de excursão e todos concordaram que se tratava de uma “flor” diferente.  Quando apertávamos sua estrutura central, esta murchava e logo depois tornava-se inflada.  Guardei a “flor”.  Mais a frente para meu espanto, um dos colegas de excursão parou repentinamente, apontando para a origem da “flor”: uma série de fungos...  Um grande volume de basidiomicetos, assemelhando-se a um pequeno “jardim” daquelas “flores” esquisitíssimas.  Já no laboratório verificamos que a estrutura central, quando apertada, liberava uma grande quantidade de esporos, uma “poeirinha” que não havíamos visto na mata.  Concluímos que a estrutura do fungo estava preparada para simular uma flor, que ao ser “visitada” por um polinizador era comprimida liberando seus esporos no corpo do polinizador e ao vento, facilitando assim a disseminação da espécie.

Pôde-se constatar através de mais este exemplo o quanto é perfeita a natureza.  O quanto os seres procuram recursos impensáveis para se perpetuarem ao longo das gerações – filhas.  A intenção, segundo reafirma o próprio Dawkins em seu fabuloso livro, é que cada organismo tenta tornar-se um ancestral, ou seja, um bem sucedido produtor de descendentes.  E na hora de procriar...  Vale tudo!